As lutas na Educação Física Escolar: Apresentação em sala de aula – UNIVERSO

 

 

 

 

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Artigo Original: AS LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Filmes indicados:Ong Bak (a trilogia), com Tony Jaa. Durante as filmagens não foram usados dublês, Ong Bak foi cotado como o melhor filme de luta/ação desde os tempos de Bruce Lee. O astro Tony Jaa foi eleito como sucessor de Bruce Lee e melhor lutador desde Jackie Chan e Jet Li. Tony Jaa foi treinado extensivamente na antiga arte marcial Muay Boran (o predecessor do Muay Thai) durante quatro anos, para se preparar para fazer o filme.

FICHA TECNICA:
Título no Brasil: Ong-Bak Guerreiro Sagrado
Título Original: Ong-Bak: Muay Thai Warrior
País de Origem: Tailândia
Gênero: Ação
Tempo de Duração: 101 minutos
Ano de Lançamento: 2003
Estúdio/Distrib.: Imagem Filmes
Direção: Prachya Pinkaew
 
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As lutas na Educação Física Escolar: Taekwondo

Artigo: Taekwondo Pedagógico: uma proposta de resgate da Arte Marcial formativa como recurso de apoio educacional infanto-juvenil em ambiente escolar

Iano Tolomei Hausen

Dr. Carlos Henrique Vasconcelos Ribeiro

Resumo: Este artigo ao invés de tratar das questões sobre as capacidades corporais de nossos alunos, tratará de seu desenvolvimento sócio-psico-emocional. Buscará propor uma utilização das lutas que favoreça um equilíbrio afetivo que o torne mais capaz na obtenção de sua educação e apto a desfrutar da tão falada “Qualidade de Vida” e cidadania. Dedica-se a fundamentar um resgate do perfil educativo do Taekwondo e das Artes Marciais. Propomos com elas fazer face à caótica situação disciplinar da escola. Apresentaremos um desenvolvimento das artes marciais, que historicamente às desvincula do padrão violento de seu atual conceito social. Para tanto viajaremos até as filosofias que determinaram a sua criação. Apresentaremos o “Taekwondo Pedagógico” e proporemos o um debate sobre uma concepção pedagógica baseada na apresentação aos alunos de conceitos e valores.

Unitermos: Educação Física Escolar, Lutas na Escola e Resultados Escolares.

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Problematização

Assistimos hoje a educação brasileira passar por um momento complexo onde a maioria da população que habita as áreas urbanas atravessa uma grande diminuição do poder aquisitivo e normalmente as famílias têm seus responsáveis obrigados a submeterem-se à jornada de trabalho prolongado com grande diminuição de tempo e qualidade de convívio com seus filhos. Tal condição atribui à Escola a função de responder não só pela educação formal, mas também por boa parte da formação geral dos alunos. O professor é exigido hoje como educador. Mas será que a Escola e seus profissionais estão preparados para o cumprimento desta tarefa?

Julio Groppa AQUINO (1996), identifica tal situação na apresentação do livro que organiza: Indisciplina na Escola, Alternativas teóricas e práticas:

“Não apenas professores, diretores e orientadores, mas também pais e os próprios alunos, com o tempo, tornaram-se reféns do emaranhado de significados e valores que a indisciplina escolar comporta. Como entendê-la, enfim, para além da “naturalidade” com que é processada no dia-a-dia?”( Summus 1996-p 07)

Daí a necessidade de uma revisão dos conceitos éticos e morais na Educação que a torne mais coerente com os tempos atuais e também lançarmos mão de estratégias eficazes para revertermos tal quadro construindo com nossos alunos uma melhor cidadania.

Entre estas estratégias, vemos a possibilidade de adoção do “Taekwondo Pedagógico” e das “Artes Marciais Formativas” com sua tradição disciplinadora como método atenuante da violência e indisciplina.

Breve histórico do taekwondo

Surgiu há dois mil anos na Coréia como uma forma de luta ancestral. No século VII tornou-se um sistema de defesa pessoal, simples que pudesse ser assimilado pela população que vinha sofrendo ataques de bandoleiros e piratas. Nos anos 50 atravessaram uma guerra civil com o envolvimento de tropas Americanas, que naquele país receberam treinamento com técnicas de Taekwondo. Então surgiram convites para que os Mestres Coreanos fossem para os Estados Unidos ensinar Taekwondo. O sucesso do Taekwondo neste país incentivou o governo Coreano a, em 70, enviar Mestres a todo o mundo. (Taekwondo Times Magazine, Sep. 1997)

A vivência

Baseado numa experiência com as artes marciais que teve seu início ainda na infância e posteriormente uma atuação como praticante e atleta nas modalidades Judô e Taekwondo.

Esta prática possibilitou um entendimento relativo tanto das condições da competitividade desportiva quanto do desenvolvimento afetivo e social decorrente da prática formativa.

Sendo convicto dos benefícios da pratica das artes marciais, entendi que a escola é o ambiente que propicia o seu desenvolvimento educativo e se adotado conjuntamente com as outras práticas corporais, fica garantida também a democratização da arte marcial.

Assim foi instalado em 1998 um núcleo no Colégio Itapuca de Piratininga, Niterói. Com o objetivo de desenvolver uma metodologia de ensino das lutas dedicada a buscar resultados que propiciassem a aquisição das qualidades físicas, mentais e sócio-afetivas.

Arte marcial

O conceito do termo “Arte Marcial” tem sua origem na Roma e Grécia antiga, para entendê-lo em toda a sua amplitude deveríamos observá-los separadamente. “Arte” de acordo com o que descreve Antonio Xavier TELES em Introdução ao Estudo de Filosofia(1979): “As artes são manifestações do Belo, mas de um Belo ligado a condições diversas de época de povo e de cultura. A arte como expressão do belo, é uma maneira de descarregar as intensas emoções estéticas.”(Ática 1979-p.114).

Podemos dizer então que “arte” seria a expressão do sentimento humano através de uma manifestação plástica baseada na estética de cada povo em cada tempo, buscando dar a forma perfeita a seus sentimentos. O complemento “Marcial” é referente ao deus Marte, versão romana para o deus Ares da mitologia grega, o deus da guerra, do combate, da luta e das disputas. Trata-se da busca da representação plástica, estética do gestual do combate e valorizam a beleza e técnica ao invés da violência ou do potencial destrutivo da mesma, o que coincide com as práticas orientais.

Uma concepção educacional – a luta como processo educador

A própria palavra “luta” já nos remete ao processo de aquisição de conhecimento ou de experiência. Haveria melhor palavra para descrever as incontáveis tentativas de uma criança em permanecer em pé ou mesmo em começar a caminhar, ou o notável esforço que é empenhado por um garoto que aprende a manter uma bicicleta em movimento? Lutamos desde a nossa concepção, o fazemos para vencer o estágio anterior, lutamos constantemente pela superação, fazendo de tal habilidade, um item indispensável à amálgama da sobrevivência. Fica claro também o perfil socializador do momento que o oponente é indispensável para o evento do embate e elemento fundamental para o desenvolvimento do praticante, deixando de ser meramente um “adversário” tornando-se um “companheiro“ de ringue.

Assim, a luta não é nenhuma novidade para o desenvolvimento humano, por que estranharmos que a luta seja utilizada como processo educador?

O tatame, escola de ética

Como nos outros esportes, na luta também está representada grande parte das situações da própria vida, só que com grande exigência ética. Na luta, atuamos em um espaço delimitado, onde deveremos durante um tempo predeterminado enfrentar um oponente da mesma categoria de peso, tamanho e graduação. Entra as qualidades exigidas na prática citamos a coragem, perseverança, autoconfiança, paciência, tolerância ao estresse, tolerância à dor, capacidade de raciocínio e processamento de informações sob pressão adquiridas através do treinamento, desejo de auto-superação e finalmente o respeito às regras. Notemos também que as lutas começam e terminam com reverências, deixando claro o respeito entre os oponentes, pois a tradição dos “lutadores” reza que: o tatame é um lugar de iguais e que o resultado da luta é efêmero. Sendo a própria luta o desafio e a honra de ter lutado a verdadeira vitória. Tal disputa não gera nunca um derrotado; ambos são vencedores.

Pesquisa de campo

Aferimos os resultados da prática do “Taekwondo Pedagógico” com um questionário enviado aos responsáveis de 30 alunos divididos entre 15 que praticam em ambiente escolar e 15 alunos que praticam em academia, porém vinculados a convênios com escolas. Dirigimos perguntas referentes a mudanças no comportamento e resultados escolares das crianças e jovens praticantes. O projeto abordado neste artigo foi o Taekwondo Hodory, projeto no qual aplicamos o método com as concepções aqui citadas. Todas a crianças são oriundas da classe média da Região Oceânica de Niterói. As idades variaram entre 04 e 16 anos e a prática de 06 meses a e 6 anos. A seguir observaremos a análise dos itens que através dos resultados percentuais confirmam a pertinência de nossa proposta.

Analise dos resultados

58% apresentaram comportamento diferenciado após o início da prática. 57% melhoraram o relacionamento com os colegas após o início da prática. 37% passaram a apresentar melhores resultados escolares após o início da prática. 87% demonstraram mais segurança após o início da prática. 97% não demonstraram ou não foi observado maior tendência ao uso da violência corporal após o início da prática. 90% dos responsáveis não acreditam que a prática das artes marciais esta relacionada com o aumento da violência entre jovens. 87% dos responsáveis indicam a prática das artes marciais em ambiente escolar.

Conclusão

Esperamos que nosso objetivo, de apresentar uma concepção com novas possibilidades de utilização das artes marciais na educação, tenha sido cumprido. Lembramos que o potencial formativo não é exclusivo das artes marciais, mas sim de todas as práticas dentro das escolas.

Cremos que não é somente o Taekwondo Pedagógico a única opção. Como Arte Marcial Formativa incluímos todos os estilos e modalidades, que sejam aplicadas com fins educacionais por professores envolvidos com os conceitos e valores da cultura da comunidade em que estejam lecionando.Esperamos gerar um debate, onde outras experiências sejam apresentadas e outros levantamentos sejam feitos. Isto mostraria o verdadeiro efeito das artes marciais na vida de jovens e crianças, que afirmamos ser de grande benefício para os alunos. Com os dados aqui apresentados, reiteramos que o “Taekwondo Pedagógico” e o resgate da função formativa da arte marcial, são de grande utilidade para as escolas como ferramenta de apoio educacional, amenizando eficazmente as ações violentas, favorecendo uma atitude sociável entre os alunos e com esta condição possibilitar uma melhora geral dos resultados escolares dos mesmos.

O autor, professor Iano Tolomei Hausen  é da FAMATH-RJ,

Referência Bibliográfica

AQUINO, Julio G. (org).(1996) Indisciplina da Escola, São Paulo: Summus.

BOMFIM, V. M. (Org) (1988) Constituição da República Federativa do Brasil, Rio de Janeiro, Edições Trabalhistas S.A.

BORSARI, Jose R. (org), (s/d) Educação Física da Pré-Escola a Universidade, Rio de Janeiro,Ed. Pedagógica e Universitária.

JUNG, C.G. (1975) Psicologia e Religião Oriental, Petrópolis, Vozes.

TELES, A.X. (1979) Introdução ao estudo de filosofia, São Paulo, Ática

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As lutas na Educação Física Escolar: Capoeira

Filme indicado: Esporte Sangrento de 1993, estrelado por Mark Dacascos.

Sinopse: Louis Stevens (Dacascos) é um ex-fuzileiro americano que, quando estava em missão no Brasil, acaba aprendendo capoeira com seus novos colegas brasileiros. Após retornar aos EUA, Louis visita sua antiga escola e vê que ela é ameaçada por gangues, traficantes e marginais. Com a ajuda de seu antigo professor (Lewis) e de sua antiga namorada (Travis), ele cria um projeto onde ensinaria a arte da capoeira aos piores alunos do colégio. Mas Silvério (Prieto), o chefão da gangue local, pretende fazer frente ao capoeirista e usar suas habilidades e de seus pupilos para outros propósitos.

Ao contrário do que sugere o título do filme em português, a história vai muito além da Capoeira como luta ou um esporte sangrento, ela mostra a força que esta prática exerce sobe a vida de quem a pratica, como disciplina e respeito ao próximo. Louis ensina a seus alunos (considerados os mais perigosos da escola), que a Capoeira é paz e que eles podem usá-la para o bem e também para terem uma vida melhor, longe das drogas e do tráfico, ao qual eles pertenciam. 

Artigo: Capoeira na Educação Física Escolar

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar e discutir a proposta da utilização do tema Capoeira na Educação Física Escolar para a disciplina de Educação Física no ensino médio.A escolha do tema surgiu da idéia de abordar assuntos e conteúdos que são poucos utilizados nas aulas de Educação Física Escolar, de modo a trabalhar através das aulas e tais assuntos o desenvolvimento integral do aluno. Este trabalho foi realizado na Escola de Ensino Médio Henrique da Silva Fontes, com duas turmas de 1º ano do Ensino médio, Sendo assim o objetivo geral deste trabalho foi proporcionar atividades práticas para as aulas de educação física que visassem uma reflexão sobre a capoeira na escola e a capoeira da escola. A partir dos dados analisados, encontramos alguns pontos importantes a serem tratados nesse trabalho sobre a capoeira na e da escola que são: Dos significados e valores presentes da capoeira na e da escola; Proposta da Educação Física no Projeto Político Pedagógico; Fatores Limitantes da Pesquisa.

Palavras-Chave: Educação Física, Capoeira da Escola, Capoeira na escola.

INTRODUÇÃO

A Capoeira inicialmente foi inserida na escola como uma atividade extracurricular, ganhou seu espaço nos currículos escolares através dos parâmetros curriculares nacionais da educação física (PCN), como parte dos conteúdos de lutas presentes na Educação Física Escolar.

Se realmente a capoeira deve ser inserida como parte do conteúdo da Educação Física, nos leva a pensar e questionar, sobre a sua contribuição para a formação dos alunos no contexto escolar, já que a mesma é oferecida como atividade extra-escolar e também é oferecida por mestres de capoeira em outros ambientes fora da escola.

Partindo dessa idéia surgem alguns questionamentos: Quais as características da capoeira da e na escola*? Quais os objetivos e princípios que fundamentam a capoeira da e na escola? Será que a capoeira deve ser introduzida no ambiente escolar da mesma forma que é praticada em outros ambientes? Será que existe diferença da capoeira na escola e capoeira da escola? São questionamentos esses que nos norteiam e que tentamos responder com essa pesquisa.

Nossa proposta ao trabalhar capoeira na educação física escolar vem da necessidade de estarmos contribuindo para a ampliação dos conhecimentos que a capoeira pode proporcionar, partindo do pressuposto de que a capoeira não é apenas um saber que se traduz num saber fazer, num realizar “corporal”, mas também é um saber sobre este realizar corporal. (BRACHT, 1996).

Com essa temática de pesquisa, junto ao problema proposto, buscamos legitimar a importância de sua prática na escola, enquanto conteúdo da educação física e componente da cultura corporal de movimento, por se tratar de um tema também presente nos PCNs da educação física.

As lutas são disputas em que o (s) oponentes (s) deve (m) ser subjugados (s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê. (BRASIL, 2001, p. 49).

Além de tentarmos legitimar a prática da capoeira na escola, procuramos levantar questionamentos à cerca das metodologias aplicadas a sua prática em diversos ambientes, e independente dos mesmos tentaremos identificar suas finalidades e objetivos que acreditamos ser distintos.

Para um melhor entendimento da nossa proposta, trabalhamos em nossas intervenções na escola em duas perspectivas. Sendo que em uma delas trabalhamos a capoeira baseada na perspectiva de um profissional da EF que já houvesse previamente uma vivência da prática de capoeira e na outra perspectiva, de um professor ou mestre de capoeira, onde utilizamos livros fundamentados nos métodos do mestre Bimba.

Este trabalho foi realizado na Escola de Ensino Médio Henrique da Silva Fontes, com as turmas de 1º ano do Ensino médio, a primeira visita teve objetivo de conhecer o ambiente de ensino, como também conhecer as normas da escola, de modo a interferir o menos possível na rotina da mesma.

“A prática educativa, e especialmente os objetivos e conteúdos do ensino e o trabalho docente, estão determinados por fins e exigências sociais, políticas e ideológicas”. (LIBÂNEO, 1995, p. 18). Ao estudar e verificar as finalidades da educação física que se encontra presente nos PCNS do ensino médio partimos da proposta do tema Capoeira na Educação Física escolar, selecionando uma série de conteúdos e objetivos que não saiam das normas e particularidades da estrutura social, isso não significa que o professor deve simplesmente copiá-los, mas sim posicionar-se criticamente em relação a eles e adaptá-los ao contexto que o cerca.

Problema

Quais os diálogos (diálogos no sentido de diferenças e semelhanças presentes) possíveis da capoeira na e da escola?

Objetivo Geral

Proporcionar atividades práticas para as aulas de educação física que visassem uma reflexão sobre a capoeira na escola e a capoeira da escola.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Unidade 1: Conhecer os elementos que compõe a capoeira na escola; Vivenciar a o ensino da capoeira na escola.

Unidade 2: Conhecer os elementos que compõe a capoeira da escola; Ampliar os conhecimentos da capoeira, a partir do que eles já conhecem; Apropriar-se criticamente da capoeira da escola;

CAPOEIRA

A origem da capoeira está vinculada a uma série de fatores, nosso objetivo aqui não é aprofundarmos na história, mas sim mostrar a capoeira como uma manifestação dos negros na luta pela sua emancipação no Brasil.

Considerando o corpo como parte da cultura, os povos escravizados trazidos de várias partes da áfrica através dos navios negreiros trouxeram consigo, culturas, crenças e hábitos diferentes daqueles encontrados no Brasil com sua chegada. Talvez os povos africanos de várias regiões com suas culturas distintas (lutas, danças, instrumentos musicais e rituais) uniram-se e criaram uma nova cultura. “Tal mistura talvez explique porque no continente africano não surge a capoeira da maneira como conhecemos no Brasil, a não ser no decorrer dos últimos anos a ida de brasileiros que para lá foram fomentar a prática”. (Santos, 2005, p. 45).

Diferente do que se tem hoje, à capoeira nos tempos de escravidão pode-se dizer, que surgiu da necessidade dos escravos se libertarem do regime de escravidão existente da época: “Tinham em seu próprio corpo uma arma, arma perigosa e de combate, mandinga de negro que ao mesmo tempo era luta nas horas de combate, também era dança, jogo, brincadeira nos momentos de festa ou de descanso em que se divertiam”. (SANTOS, 2005). Desse modo à capoeira incorpora em sua prática, outras características e significados que não se restringe apenas em luta, talvez esse duplo caráter foi à maneira utilizada para justamente enganar, esconder, disfarçar uma prática que poderia para alguns tornar um perigo para a sociedade da época e para os escravos uma prática de defesa, defesa que surge da necessidade da liberdade. É considerado um bom capoeira aquele que utiliza esse duplo caráter, aquele capoeira que tem mandinga, tem malicia é uma técnica e faz parte dessa luta-dança-jogo: fingir, enganar, mostrar que não acertou porque não quis. “Essas qualidades se sobrepõem à força física e são bastante exploradas na tentativa de levar o companheiro de jogo a cometer um” vacilo “(grifo dos autores) para poder atacar” ( FALCÃO, SILVA, ACORDI, 2005, p. 19).

Outra característica da capoeira é quando ela inverte a lógica de se colocar, inverte os pés pela cabeça, mãos pelos braços são acrobacias esquisitas que segundo (SANTOS, 2005, p. 55) talvez trata de:

[…] uma vontade de rir de si próprio, caçoar de si mesmo, são poucas as situações em que nos é permitido errar e dar risadas disso. O corpo festeja isso, celebra no momento em que não há erros ou vergonhas. Tais “anormalidade” proporcionam um caráter libertário ao sujeito e à prática. Como se o corpo dissesse para quem ousa questioná-los: “você não manda em mim, faço o que bem quiser… Quer você goste ou não…”. Um desejo de liberdade que confronta a ordem estabelecida.

Uma linguagem verbal e corporal que se manifestam na prática, linguagem verbal através do canto, um papel importante na transmissão de saberes que agradece pela vida, agradece a deus, agradece ao mestre, como também pode tratar de uma homenagem aos antepassados, a história, a saudade de sua terra, a música representa no corpo uma reação de tal forma que faz o movimentá-lo, é comum estarmos em algum lugar onde tem música tocando que não nos faz acompanhar aquele ritmo, às vezes com as mãos outras com os pés, é natural do ser humano acompanhar o ritmo seja qual for ele, pois ele excita e impõe desejo de se movimentar.

Capoeira Regional

A capoeira regional foi criada por Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado), nasceu em Salvador em 1900, começou a treinar capoeira aos doze anos com um capitão da Cia. baiana de navegação chamado bentinho de origem africana. Bimba é/era conhecido como um exímio lutador temido e valente.

Amado afirma que o surgimento da capoeira regional ocorre quando:

“[…] Bimba foi ao Rio de Janeiro mostrar aos cariocas da Lapa como é que se joga capoeira. E lá aprendeu golpes de catchas-can-catch (sic), de jiu-jitsu, de box. Misturou isso tudo a capoeira de angola, aquela que nasceu de uma dança dos negros e voltou a sua cidade falando numa nova capoeira, a capoeira regional”.( AMADO apud Vieira, 1998, p. 15).

A Seqüência de ensino do Mestre Bimba conhecida como Regional Senzala apresenta sistematicamente a prática dos Golpes básicos e movimentações existentes na capoeira, os golpes podem ser treinados de maneira fragmentada, ou seja, somente o golpe sem o jogo; os golpes podem ser divididos em desequilibrantes, esquivas e básicos.

Entre os golpes básicos podemos citar o exemplo do martelo, benção, meia lua de compasso, armada, queixada. Alguns dos golpes desequilibrantes são: A rasteira, Banda em pé, negativa derrubando, negativa com tesoura, arrastão boca de calça, cruz e banda de costas. Entre as esquivas podemos citar: a cocorinha, resistência, queda de quatro e esquiva. O método utilizado por mestre Bimba pode apresentar os golpes divididos em ataques e defesas simulando de antemão o jogo de capoeira.

Os golpes básicos para que aconteça o chamado jogo de capoeira, podem ser treinados separadamente do jogo, mais sua principal finalidade é utilizá-los dentro da roda de capoeira, porém podem e devem ser treinados em duplas principalmente fora da roda de maneira na qual, quem os pratica entre na roda já sabendo utilizá-los.

Lembrando que para contemplar o jogo ou a roda de capoeira, meramente dois jogadores não é o suficiente, existem elementos e rituais que caracterizam a roda que segundo (CAPOEIRA, 1998, p. 81 e 84) são: “O berimbau que cria o clima e dita o tipo de jogo que vai acontecer”; Os cantos, que “Neles se encontram uma série de ensinamentos, um código de conduta e a base de uma filosofia de vida”.

“Capoeira Da e Na Escola”

As aulas de educação física hoje na maioria das escolas se tornaram uma atividade qualquer e diferentemente das outras disciplinas, ela é desvalorizada enquanto componente curricular da escola, desse modo à disciplina de educação física na maioria das escolas tornou-se de certa forma uma obrigação rotineira, principalmente no ensino médio que talvez atribua como sendo o seu principal objetivo da educação física aplicar uma avaliação para que o aluno alcance a média.

“Nas escolas, embora já seja reconhecida como área de conhecimento essencial, a educação física ainda é tratada como “marginal”, que pode, por exemplo, ter seu horário “empurrado” para fora do período que os alunos estão na ou alocada em horários convenientes para outras áreas e não de acordo com as necessidades de suas especificidades”. (BRASIL, 2001, p. 24).

A proposta de inserir a capoeira como conteúdo vem da necessidade de abordar assuntos que são poucos ou não utilizados nas aulas de educação física, de modo a considerar o desenvolvimento integral do aluno. Pois é de suma importância, proporcionar práticas de atividades físicas pautadas na reflexão e não somente na execução e reprodução dos gestos presentes na cultura corporal, não quer dizer que se deve abandonar a prática pela teoria, mas tentar aproximar ao máximo a teoria da prática e a prática da teoria, também enfatizado por Kunz ao abordar a sua proposta de ensino e mudança “Para adquirirem uma competência social e um agir independente através do processo de ensino, os alunos deverão adquirir também determinado Saber, determinados conhecimentos que, sem dúvida, não podem ser alcançados somente pelo fazer prático” (2001, p. 190).

Com a inserção da capoeira na escola ela passa a incorporar talvez significados, valores, objetivos e finalidades que acreditamos serem distintos daqueles praticados em outros ambientes. Partindo desse pressuposto, não querendo desvalorizar a importância da capoeira praticada em outros ambientes, as pedagogias críticas da educação física nos fazem refletir sobre como atuar e ampliar o sentido fechado, reduzido e limitado das demais práticas corporais, entre elas a capoeira, trabalhadas na Educação Física Escolar, portanto essas críticas surgem na área da Educação Físicade modo a se pensar como o esporte de rendimento se tornou ao longo dos anos como a única “[…] solução quase que natural de toda a problemática do Movimento Humano” (FRANKFURTER, 1982 apud KUNZ, 2001, p.185). Ao ampliar essa concepção da Educação Física a capoeira pode ser considerada como instrumento para o processo de ensino e aprendizagem para as aulas de educação física contribuindo também para essa transformação didático/pedagógica da educação física e do esporte. Nessa proposta de ampliação dos conhecimentos, uma prática tão rica como a capoeira não deve levar em consideração somente os aspectos físicos do movimento humano, mais também os aspectos históricos, culturais e sociais que devem ser explorados durante o processo ensino/aprendizagem da mesma.

Um ponto importante no aprendizado da capoeira é a projeção dos acontecimentos e atividades da roda de capoeira para a vida cotidiana dos alunos, facilitando, assim, o entendimento do cotidiano do mundo. Um exemplo é a chamada “rasteira”, o aluno deve entender que levar uma rasteira não é humilhação e sim um aprendizado, pois aquele que leva a rasteira não deve sentir-se derrotado e sim aprender que a queda faz parte da capoeira e da vida, sendo uma boa oportunidade de discussão com os alunos sobre o cotidiano, projetando a rasteira levada na roda para as possíveis “rasteiras” que se leva na vida.(SOUZA, OLIVEIRA, 2001, p.45-46).

Por fim nossa proposta de inserir a capoeira como conteúdo da educação física escolar é fazer dela não somente uma prática de atividade física que tenha um fim em si mesma, mas também mostrar que podemos alcançar outros objetivos que contribuam para a formação dos alunos de modo a pensar numa educação pelo movimento.

Metodologia

Este trabalho como descrito anteriormente foi realizado na Escola de Ensino Médio Henrique da Silva Fontes, com duas turmas do 1º ano do Ensino médio, no período entre 03/09/2009 até 20/10/2009, num total de doze intervenções. A turma 05 da escola era composta por 27 alunos, sendo que vinte e um alunos são do sexo masculino e seis do feminino, enquanto que a turma 09 era formada por quatorze integrantes do sexo feminino e quatorze do sexo masculino no total de 28 alunos.

A coleta de dados se deu a partir da utilização da pesquisa qualitativa. Através dela utilizamos 1 plano de ensino, 13 planos de aula e conseqüentemente 13 relatórios de campo que nortearam toda a nossa pesquisa e análise de dados.

O objetivo geral da instituição segundo o que estava descrito no documento é: “Desencadear um processo ensino-aprendizagem em qual a comunhão dos vários conhecimentos culturais (visão de mundo dos alunos) e científicos (saber acumulado) contextualizados socialmente possam contribuir na construção de indivíduos capazes de transformar as relações sociais com as quais convivem e das quais participam”.

Outro ponto que julgamos ser importante foi o da organização da escola que no caso “organiza-se em séries anuais dividido em dois semestres letivos, compreendendo períodos regulares Matutino, vespertino e noturno e por dependência em duas disciplinas conforme o projeto da dependência. O calendário escolar está de acordo com as peculiaridades locais. A carga horária mínima anual será de oitenta horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, para as séries”.

Todavia ficou fácil perceber que as obrigações que competem ao corpo docente da escola estão bem descritas, entre as ações e deveres dos professores estão:

Ministrar aulas com responsabilidade, competência e assiduidade; Participar da elaboração, execução e avaliação do PPP; Elaborar o seu planejamento de acordo com o PPP; Propiciar a aquisição do conhecimento científico, erudito e universal; Promover uma avaliação continua, acompanhando e enriquecendo o desenvolvimento do trabalho do aluno elevando-o a uma compreensão cada vez maior sobre o mundo e sobre si mesmo.

As aulas do período vespertino começavam as treze e trinta e terminavam as dezessete e trinta com um intervalo de quinze minutos para o recreio, cada aula tem a duração de quarenta e cinco minutos.

Com os objetivos que escolhemos em nosso trabalho desenvolvemos os conteúdos que se dividiram em duas unidades: Unidade 1 – Introdução à capoeira; Movimentação: Ginga e golpes básicos da modalidade; Musicalidade: canto responsório, instrumentos; Unidade 2 – Movimentação: ginga e golpes básicos da capoeira; musicalidade: A instrumentação, cantigas da capoeira.

As estratégias que utilizamos para alcançar os objetivos propostos foram também divididas em suas unidades: Unidade 1 – Aula expositiva; Aulas práticas vivenciadas; Unidade 2 – Aulas expositivas dialogadas; Debates em grupo, Problematização das atividades; Reconstrução e ampliação coletiva do conhecimento; Aulas práticas.

Quanto às avaliações utilizadas foram: Unidade 1 – circuito de capoeira: os alunos deverão executar os golpes conforme o que é solicitado pelos estagiários; Unidade 2 – Prova avaliativa: reconhecer os instrumentos que fazem parte da capoeira, os toques mais utilizados na roda de capoeira e dizer de que forma a capoeira é importante para a sua vida.

ANÁLISE DE DADOS

Alguns pontos em destaque de nossas intervenções na Escola de Ensino Médio Henrique da Silva Fontes estão aqui destacados e merecem ser discutidos e refletidos, pois desta forma contribuíram para ampliarmos a visão sobre a área da Educação Física.

Os conteúdos desenvolvidos na educação física não devem se reduzir apenas há um saber fazer, mas também um saber sobre este fazer, já discutido anteriormente, deste modo cabe ao professor a tarefa de ser pesquisador, motivador, amigo, mediador do conhecimento, ser professor também é ser aluno, pois acreditamos que a Educação se dá através do dialogo entre duas pessoas ou grupo de pessoas, todos aprendemos com alguém e com o meio em que vivemos, situações estas que estão intimamente ligadas ao professor, que de modo geral fazem parte da prática pedagógica.

Salientamos em nossa problemática a questão referente aos diálogos possíveis ou existentes entre a capoeira da escola e a capoeira na escola, e aqui partimos para a discussão acerca dessa problemática, que abrangeu alguns elementos que foram analisados e discutidos tendo em vista fatores que interferiram e outros que contribuíram em nossas buscas por respostas a campo, são eles:

Dos significados e valores presentes da capoeira na e da escola.

Essa questão foi discutida em algumas aulas, em que levamos músicas e a partir delas procuramos dialogar sobre os valores e significados que a música de capoeira trás consigo. As músicas trabalhadas em nossas aulas contribuíram para as discussões da capoeira da e na escola, onde utilizamos músicas presentes no cotidiano da capoeira praticada em outros ambientes fora da escola, de modo a pensar que talvez alguns valores de suma importância para formação da cidadania não estejam sendo trabalhados de maneira crítica.

Estes devem ser estudados e analisados contribuindo para melhores escolhas das músicas que escutamos tanto no dia a dia como na capoeira.Como um relato presente em nosso relatório sobre a interpretação da música – A capoeira é algo Brasileiro, é uma luta que pode levar a morte, é de matar. (aluno de 1º ano). Questões essas que devem ser discutidas tanto fora como dentro da escola. Sendo papel tanto do mestre de capoeira como do professor de educação física se apropriar criticamente das músicas, de modo a pensar se a mesma irá contribuir com resultados positivos ou negativos para a formação da cidadania.

Desse modo além dos aspectos negativos, à música da capoeira trás consigo um:

[…] papel importante na preservação e transmissão dos saberes. Através das músicas pode-se transmitir e perpetuar a memória da capoeira. São vários exemplos de cantigas que referem ao processo de escravidão, ao sofrimento do negro e da negra escrava, aos antigos Mestres de capoeira etc. (SANTOS, 2005, p. 65).

É fundamental trabalharmos na educação física, tendo em vista um novo olhar para a disciplina, ampliando a educação do movimento e pelo movimento. “Faz-se necessário, na escola, que estas temáticas privilegiem outros valores fundantes para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, como a solidariedade, a cooperação, o respeito, a amizade, etc”. (FALCÃO, 2006, p. 56).

Falando-se nos diálogos possíveis existentes da capoeira da e na escola podemos dizer que: a capoeira da escola tem por objetivo não apenas a apropriação dos movimentos da capoeira, mas também uma reflexão sobre o mesmo assim lhe atribuindo uma educação não só do movimento, mas também pelo movimento, e se tratando da capoeira na escola pensamos que possa também ter tais objetivos, pois “[…] muitos grupos de capoeira passam a defender uma proposta de trabalho na qual o respeito e a ética têm lugar garantido”.(SILVA, HEINE, 2008, p.36).

Porém acreditamos que alguns grupos de capoeira fora da escola passam a incorporar em sua prática uma concepção que deve permanecer longe do contexto escolar que se baseia em aprendizagem da capoeira para violência como destaca Silva e Heine:

Se o professor é violento, os alunos tendem a seguir o seu exemplo, já que ele é o líder e, portanto, o modelo e a referência para os seus liderados. Adolescentes e jovens em processo de formação e construção de seu caráter são facilmente influenciados por mestres de capoeira que apresentam condutas violentas. (2008, p.36-37).

Portanto a partir desta discussão a cerca da inserção da capoeira na escola, fica evidente que a escola é um espaço privilegiado para tratar das questões referente aos valores diversos em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

Nesta perspectiva aqui apresentada o resultado do ensino da capoeira vai depender das características pessoais atribuídas pelo mestre de capoeira ou professor de Educação Física:

Cabe ao profissional, com compromissos e interesses pedagógicos/educaionais, buscar uma integração permanente com as teorias que fundamentam este trabalho no sentido de poder ampliar, redimensionar e exercitar a capoeira, dentro de uma perspectiva realmente critica, buscando identificar a sua relevância sociopolítica, no contexto educacional como um todo, ampliando-a de um conceito restrito, que se refere apenas ao treino, a competição e ao rendimento esportivo, para um conceito amplo. (FALCÃO, 2006, p.58-59).

Com relação às características da capoeira da e na escola fica evidente que a capoeira da escola deve atender de imediato aos objetivos que permeiam no Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada instituição de ensino que será discutido posteriormente, sendo estes redirecionados diretamente na prática do professor de Educação Física.

Por outro lado à capoeira na escola e de outros ambientes é fundamentada muitas vezes por mestres que incorporam em sua prática valores que nem sempre correspondem a valores que devem ser ensinados na escola, como destaca Silva e Heine citado acima.

Proposta da Educação Física no Projeto político Pedagógico (PPP)

A inserção da proposta da Educação Física no PPP é um ponto que merece ser discutido, pois, “notoriamente o PPP era do ano de 2007, e conforme tal, não está incluso a disciplina de EF, o que de certa forma nos deixou um pouco intrigados, já que a instituição faz transparecer formada por membros realmente interessados e compromissados com a Educação”. (relatório de visita, dia 03/09/2009). Porém no plano de ensino do Professor de EF da escola, há uma adequação aos objetivos gerais da escola. Isso nos faz refletir, qual papel que a EF como disciplina curricular ocupa para com a instituição de ensino? Assim como a EF, a capoeira também deve ser inserida no PPP, papel esse que deve ser discutido pelas pessoas envolvidas com a educação nessa instituição (comunidade, professores, diretores, funcionários enfim é do interesse de todos), nesse contexto não negligenciando os valores, os objetivos e os propósitos da instituição como um todo. Portanto a capoeira deve adentrar na escola como proposta:

[…] não só aos professores e mestres de capoeira, como também aos professores das escolas, é uma quebra de paradigma, afim de que a capoeira realmente esteja integrada ao contexto, a dinâmica e a cultura escolar, para que haja uma efetiva relação com as demais disciplinas escolares. (SILVA, p.42, 2008).

Pois é fundamental enfatizarmos que a capoeira deve ser inserida na escola junto à proposta política pedagógica da mesma. Tanto a capoeira ensinada pelo mestre de capoeira quanto à capoeira ensinada pelo professor de educação física.

Com as nossas intervenções percebemos o quanto à capoeira é educadora, utilizando a partir da mesma, não somente como conteúdo, mas também como estratégia. A capoeira tratada como estratégia diz respeito ao processo educativo que a mesma também pode proporcionar, no âmbito conceitual, procedimental e atitudinal, como Silva também aborda em seu livro:

Acreditamos que a capoeira é uma grande educadora e tem um papel muito importante no processo educativo do ser humano, seja criança, adolescente, adulto ou idoso. A capoeira pode nos educar se nos deixamos nos envolver por ela, com seus rituais, seus movimentos, sua história, sua música, sua filosofia, seus mestres, professores e camaradas na roda. (2008, p.55).

Assim sendo a capoeira como meio estratégico, podemos problematizar, questionar e refletir situações do cotidiano escolar e social, pois a capoeira pode transmitir valores como “[…] respeito, sinceridade, dignidade, lealdade, verdade, solidariedade e cooperação, valores dos quais a humanidade em geral está bastante carente nos últimos tempos” (SILVA, p. 55, 2008).

Valores estes citados acima que devem estar atrelados aos objetivos da escola, tendo em vista que:

[…] os objetivos gerais e suas implicações para o trabalho docente em sala de aula o professor deve conhecer os objetivos estabelecidos no âmbito do sistema escolar oficial, seja no que se refere a valores e ideais educativos, seja quanto às prescrições de organização curricular e programas básicos das matérias. (LIBÂNEO, 1995, p. 123).

Por fim o que percebemos na maioria das escolas, é que esses objetivos são postos apenas em um documento para ser guardado e esquecido durante o ano letivo, além disso, o que está posto no Projeto Político Pedagógico da Escola, geralmente foi escrito por apenas por um membro da instituição ou muitas vezes copiado de um documento superior como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Vale ressaltar ainda que esse documento deva ter participação coletiva de todos os envolvidos na instituição, isso não se restringe apenas aos profissionais da escola, mas de toda uma comunidade que dela fazem parte.

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Fatores Limitantes da Pesquisa

Com relação aos conhecimentos prévios dos alunos, constatamos através de perguntas na aula diagnóstica que a maioria do grupo não conhecia e nunca teve aula prática de capoeira.”Percebemos que foram poucos os alunos que conheciam ou já praticaram a capoeira, apenas quatro nos falaram que sim”. (relatório do dia 05/09/09). Perguntamos também nesse dia sobre as aulas de educação física, o que faziam e praticavam na mesma? “[…]nos falaram que praticavam futebol, voleibol, xadrez, tênis de mesa e alguns conteúdos teóricos, como esse semestre os temas são: saúde pública, violência urbana, qualidade de vida entre outros”. (relatório do dia 05/09/09)

Desse modo à capoeira surgiu como uma nova proposta para as aulas de educação física ficou evidente que a dificuldade na aceitação de tal tema por parte dos alunos, que não tiveram uma vivência da capoeira anteriormente.E esse talvez foi um dos motivos que dificultaram a aplicação desse tema no ensino médio na Escola Henrique da Silva fontes, diferentemente da motivação de dois garotos que encontramos na rua perto da Univali, fato este descrito em um dos relatórios:

Na volta a Univali encontramos dois garotos na faixa dos 09 a 10 anos, estávamos com o berimbau, e percebemos a observação dos meninos para o instrumento, como também para nós, então que fomos até eles e convidamos se queriam fazer um jogo de capoeira, chegamos a pensar que eles não iriam topar, ma sim, então começamos a tocar o berimbau, de modo que as duas crianças começaram a jogar, esse dia foi muito gratificante para nós. E passamos a refletir Sobre o contato da capoeira desde cedo, despertando o interesse futuro pela prática, e como a maioria dos alunos do ensino médio nunca tiveram contato com a capoeira, Talvez seja um dos motivos da dificuldade no estágio. (Relatório do dia 06/10/09)

De fato o que queremos deixar claro sobre esta reflexão é que os diálogos e as respostas adquiridas nesta pesquisa ficaram em nosso ponto de vista reduzidos ou modificados em termos de expectativa, tendo em vista em que o tema escolhido era dirigido ao público de uma faixa etária menor que o esperado, e talvez essa problemáticaseria melhor respondida com nossa prática ( intervenções), com alunos das séries iniciais do ensino fundamental, já que é uma faixa etária onde os alunos se encontram mais “motivados e espontâneos” para a brincadeira.

O que mais importa é o aluno e suas relações com o conteúdo proposto. O educador é convidado a mediatizar essa relação, onde, coletivamente, professor e aluno, identificarão seus elementos significativos centrais. Uma vez identificados, através da experiência, do estudo, da reflexão e do dialogo, vale conceber arranjos e sugestões de aprendizagens que envolvam esses elementos principais.(FALCÃO, 2006, p.60).

Partindo do pressuposto que a escola é um ambiente imprevisível, várias são as adversidades as quais se encontraram presentes em nossas intervenções, também a pouca experiência na área foram pontos importantes para as mudanças de estratégias através de reflexão sobre a nossa prática pedagógica, surgindo até outras problemáticas não relacionadas ao problema de pesquisa como descrito no relatório do dia15/09/2009:

Ficou evidente nesse dia, que alguns alunos estavam desmotivados a aprender enquanto que outros motivados, talvez nosso objetivo fosse atrair, aproximar os alunos que estavam desmotivados, de modo a não desprivilegiar aqueles alunos que estavam motivados, conseqüentemente modificando os procedimentos metodológicos.

CONCLUSÕES

De um modo geral podemos perceber ao abordar tantas questões no decorrer do processo de pesquisa sobre a capoeira da e na escola e seus respectivos diálogos possíveis, podemos concluir que podem ser vários, isso vai depender dos objetivos da instituição, do próprio professor de Educação Física ou mestre de capoeira ao ter iniciativa de adequar o tema capoeira aos objetivos propostos no Projeto Político Pedagógico.

Desse modo à capoeira ao adentrar espaços educacionais ela deverá ser tratada não somente como conteúdo, mais como estratégia para atingir objetivos pertinentes a tal instituição.

Se através da capoeira da e na escola podemos dizer que são vários os diálogos, porém, fica uma dúvida: será que existe diferença da capoeira da e na escola? A partir do nosso estudo, chegamos a uma conclusão que a capoeira é a mesma, o que será diferente ou talvez não seja, é a postura do professor de educação física ou mestre de capoeira perante essa arte, dança, luta ou jogo. Portanto os princípios e objetivos de cada profissional ao tratar da capoeira é muito subjetivo, vai do profissional com empenho e dedicação, fazer de sua prática uma ótima oportunidade para tratar de assuntos tão alocados na vida cotidiana que merecem ser discutidos e analisados. Assim sendo a capoeira pode ser um bom instrumento para a transformação da sociedade, visando a igualdade e justiça social.

REFERÊNCIAS

BRACHT, Valter. Educação física no 1°. Grau: conhecimento e especificidade. Rev. Paul. Educ; São Paulo, Supl. 2, p.23-28, 1996.

BRACHT, Valter. Educação física & ciência: cenas de um casamento (in)feliz. 2. ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.

BRACHT, Valter. Esporte na escola e esporte de rendimento. Rev. Movimento. Ano VI – n° 12 – 2000/1

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Brasília: Secretaria, 2001.

CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: pequeno manual do jogador. 4º ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

FALCÃO, José Luiz Cirqueira; SILVA, Bruno Emmanuel Santana da; ACORDI, Leandro de Oliveira. Capoeira e os passos da vida. In: SILVA, Ana Márcia; DAMIANI, Iara Regina (Orgs) Práticas corporais. Florianópolis: Nauembu Ciência & Arte, 2005.

FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Unidade Didática 2: Capoeira. In: KUNZ, Elenor (Org.). Didática da educação física 1. 4 ed.Ijuí: Unijuí, 2006. p. 55-94.

KUNZ, Elenor. Educação física: ensino & mudança. 2. ed. Ijuí: Unijuí, 2001.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1995.

SANTOS, Gilberto de Oliveira. Da capoeira e a educação física. 2005. 101 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. Disponível em: <http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000375982&gt;. Acesso em: 09 set. 2009.

SILVA, Gladson de Oliveira. Capoeira: um instrumento psicomotor para a cidadania. São Paulo: Phorte, 2008.

SOUZA, Sérgio Augusto Rosa de; OLIVEIRA, Amauri A. Bássoli de. ESTRUTURAÇÃO DA CAPOEIRA COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO. Revista da Educação Física/uem, Maringá, n. , p.43-50, 2 Não é um mês valido! 2001. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/3745/2577&gt;. Acesso em: 01 out. 2009.

VIEIRA, Luiz Renato. O Jogo de Capoeira: CULTURA POPULAR NO BRASIL. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.

 
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/33172/1/Capoeira-na-Educacao-Fisica-Escolar/pagina1.html#ixzz1ODmw2kIV

 

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As lutas na Educação Física Escolar: Karatê

 

 

Filmes Indicados: The Karate Kid de 1984, com Ralph Macchio e Pat Morita, e a nova versão que chegou aos cinemas em agosto de 2010, com Jaden Smith e Jackie Chan.

 O filme se tornou memorável. Como toda boa história de superação, Karate Kid se vale dos clichês e frases de efeito que se eternizaram tanto quanto o golpe da garça. O filme era, e é ainda, empolgante, que deixava todos com vontade de aprender a lutar. Mais do que a simples luta, o filme investe em trazer uma série de significados de honra e lições de vida nos ensinamentos de Miyagi e no relacionamento do mestre com o aluno.
Os métodos não convencionais de Miyagi, como pintar a cerca e encerar o carro e como isso deságua nas habilidades marciais e finalmente se consolida quando ele diz “Tudo é karatê”. Sr. Miyagi se tornou um ícone de sabedoria – ao lado de Mestre Yoda – ao transformar o tímido Daniel Larusso no lutador Daniel San. O filme foi um sucesso estrondoso e rendeu a Pat Morita a indicação ao Oscar de Melhor ator Coadjuvante em 1984.

Jaden Smith, filho de Will Smith é o protagonista do novo Karatê Kid – remake de 1984 – e além de Jaden Smith como o ‘novo’ Daniel San, o filme conta com Jackie Chan no papel de um moderno Sr. Miyagi, e seu cenário se passa na China atual, onde o garoto Dre Parker (Jaden Smith), que poderia ser o mais popular de Detroit, mas a carreira de sua mãe acaba os levando para a China onde conhece Mr. Han (Jackie Chan), que é secretamente um mestre do kung fu.

 

 

 Artigo: A utilização do karate como um meio de abordagem das lutas enquanto conteúdo da Educação Física escolar: um relato de experiência

 La utilización del karate como un medio de abordaje de las luchas 

como contenido de la Educación Física escolar: un relato de la experiência

 

Ana Kamily de Souza Sampaio Fonseca*

Allyson Carvalho de Araújo**

 

*Especialista em Exercício físico aplicado à reabilitação cardíaca
 
e a grupos especiais – Universidade Gama Filho
 
Especialista em Ensino da Educação Física
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
 
** Mestre e Educação. Universidade Federal
 
do Rio Grande do Norte
 
 

Resumo

          Este trabalho visa relatar uma experiência pedagógica que buscou oportunizar a vivência do conteúdo lutas em aulas de Educação Física escolar, bem como auxiliar o professor de Educação Física de uma escola particular de Natal/RN a elaborar estratégias para usar tal conteúdo em suas aulas. Foram realizadas três intervenções e duas aulas de karate para uma turma do 3º ano do Ensino Fundamental I, adotando a abordagem metodológica construtivista-interacionista, usando jogos de combate na elaboração das atividades. Os objetivos da proposta foram atingidos, pois obtivemos um excelente envolvimento dos alunos, bem como conseguimos que o professor se percebesse capaz de utilizar as lutas como conteúdo de suas aulas e inserir no seu planejamento aulas com esse conteúdo.

          Unitermos: Lutas. Karate. Educação Física.

 

Pensando a Educação Física escolar. Qual o lugar das lutas neste cenário?

    Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s (BRASIL, 1997), durante parte do o século XIX, a Educação Física mantinha uma relação estreita com o militarismo, que pregava a educação do físico, tendo o objetivo de formar indivíduos fortes e saudáveis para atuar em possíveis conflitos, defendendo a pátria e seus ideais. Nesse mesmo período existia ainda um grande preconceito com a prática de atividade física por parte da elite imperial em função do esforço físico ser enxergado na época com inferioridade. Essa idéia por um longo tempo atuou como um empecilho para a inclusão de Educação Física no âmbito escolar.

    No entanto, ainda no início do século passado a Educação Física, com o nome de ginástica, foi incluída nos currículos escolares de alguns Estados e sua importância no desenvolvimento integral do ser humano passou a ser reconhecida (SOUZA JR, 2005). Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, a Educação Física passou a ser uma disciplina obrigatória em todo o território nacional para o ensino primário (atual ensino fundamental) e médio (BRASIL, 1997).

    A partir da década de 60 foi dado início ao processo de esportivização da Educação Física Escolar, que segundo os PCN’s (BRASIL, 1997) iniciou com a introdução do Método Desportivo Generalizado, que significou uma contraposição aos antigos métodos de ginástica tradicional e uma tentativa de incorporar esporte, que já era uma instituição bastante independente, adequando-o a objetivos e práticas pedagógicas (p.20).

    Após 1964 a educação em geral começou a ter influência da tendência tecnicista, tendência esta muito forte até os dias atuais na Educação Física. Na década de 70 a busca por talentos esportivos para representar o Brasil em competições internacionais fez com que a iniciação esportiva passasse a ser primordial a partir da 5ª série, que atualmente corresponde ao 6º ano do Ensino Fundamental.

    Nos anos 80 essa idéia de Educação Física voltada principalmente para o esporte-rendimento passou a ser contestada, o que fez com que a disciplina passasse por uma crise de identidade, que serviu como foco do debate do chamado movimento renovador da Educação Física. Para os PCN’s (BRASIL, 1997), a partir de então o enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando da escola a função de promover os esportes de alto rendimento. (…) se ampliou a visão de uma área biológica, reavaliaram-se e enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, concebendo o aluno como ser humano integral. (…) se abarcaram objetivos educacionais mais amplos (não apenas voltados para a formação de um físico que pudesse sustentar a atividade intelectual), conteúdos diversificados (não só exercícios e esportes) e pressupostos pedagógicos mais humanos (e não apenas adestramento) (p.21).

    O resulto desse fervilhar de intervenções ideológicas e políticas no território educacional foi a difusão de correntes de pensamento que, ora se convergem e ora se divergem, na compreensão da área de Educação Física com intervenção pedagógica. Atualmente existem algumas abordagens para a Educação Física escolar brasileira, resultantes das aderências de concepções psicológicas, sociológicas e filosóficas, influenciando na formação e na prática de muitos professores. Dentre essas tendências, para Darido (2003) destacam-se cinco: a desenvolvimentista, a construtivista-interacionista, a crítico-superadora, a sistêmica e a plural, conforme exposto no Quadro 1 (p.3).

Quadro 1. Características das Abordagens Pedagógicas da Educação Física

ABORDAGENS

DESENVOL-

VIMENTISTA

CONSTRUTIV.- INTERACION.

CRÍTICO-SUPERADORA

SISTÊMICA

EDUCAÇÃO FÍSICA PLURAL

Principais Autores

Go Tani

João Batista Freire

Coletivo de Autores

Mauro Betti

Jocimar Daiolio

Obras e publicações

Educação Física: uma Abordagem Desenvolvi-mentista

Educação Física de Corpo Inteiro

Metodologia do Ensino da Educação Física

Educação Física e Sociedade

Educação Física Escolar uma Abordagem Cultural

Área Base

Psicologia

Psicologia

Sociologia Política

Sociologia e Filosofia

Antropologia

Autores de Base

Gallahue

Jean Piaget; Michael Foucault

Saviani e Libâneo

Bertalanfy

Marcel Mauss

Finalidades

Objetivos

Adaptação

Construção do Conhecimento

Transformação Social

Transformação Social

Historicidade da Cultura Corporal

Temática Principal

Aprendizagem Motora

Cultura Popular Lúdica

Cultura Corporal

Cultura Corporal

Diversidade Pluralidade

Conteúdos

Habilidades Básicas, Jogo, Esporte, Dança

Brincadeiras Populares, Jogo Simbólico e de Regras

Conhecimento sobre o Jogo, esporte, dança, ginástica

Vivência Corporal: do Jogo, do Esporte, da Dança, da Ginástica

Ginástica, Lutas, Danças, Jogos, Esportes

Estratégia Metodológica

Aprendizagem do, sobre e através do Movimento

Resgatar o conhecimento do Aluno

Reflexão e Articulação com o Projeto Político Pedagógico

Tematização

Valorização das diversas formas de expressão da Cultura do Movimento

Avaliação

Privilegia a Habilidade, Observação Sistematizada

Não punitiva. Auto-avaliação

Avaliação baseada no fazer coletivo

Observação Sistematizada

Considera as diferenças individuais essenciais

Fonte: Adaptado de Azevedo & Shigunov (2000)

 

Considerando-se estes enfoques a respeito das diversas abordagens, Azevedo & Shigunov (2000) afirmam que essas concepções isoladas possuem algumas limitações, acreditando que uma abordagem prescinde de elementos teóricos vinculados ao contexto sócio-educacional em que se faz inserida. Portanto, necessário se faz que um educador selecione de cada uma das tendências pedagógicas aspectos que se relacionem com a realidade do seu trabalho.

    A partir de 1997 foram criados e divulgados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) que, segundo Nascimento (2002), são documentos referenciais abrangentes de conteúdo humanista, propostos pelo Ministério da Educação (MEC) para a renovação e reelaboração da proposta curricular do Ensino Médio e Fundamental em todo o país, e se preocupa principalmente com as questões atuais da educação brasileira. Eles estão colocados como parâmetros até os dias atuais.

    Os PCN’s são formados por 10 volumes, cada um abrangendo uma das áreas de conhecimento pertencentes aos componentes curriculares indicados pela LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996). Um deles é específico de Educação Física, que divide os conteúdos da área em três grandes blocos: em um estão os esportes, jogos, lutas e ginásticas; em outro, as atividades rítmicas e expressivas; e no último, os conhecimentos sobre o corpo.

    Em se tratando das lutas, os PCN´s (BRASIL, 1997) as definem como disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade (p.37).

    Para Oliver (2000), o ato de lutar é agir utilizando competências especiais. Ao relacionar as importantes contribuições das lutas para o desenvolvimento global das crianças, o autor destaca, no aspecto motor do desenvolvimento, as diversas formas de deslocamento, os apoios e as condutas motoras que a criança utiliza durante os combates, além da atenção profunda ao espaço das lutas como meio de obter benefícios de um determinado posicionamento. Assim, além de ampliar seu repertório motor, as crianças desenvolverão sua noção espacial.

    Em se tratando do Karate-Do,1o autor acrescenta a percepção temporal existente na reação de defesas, contragolpes e, principalmente, nas técnicas de deai (antecipação de golpes utilizada quando ocorre a percepção da intenção de ataque do adversário). Quanto ao nível afetivo-social, o autor destaca o senso de responsabilidade que a criança passa a ter em relação à integridade física do seu colega oponente diante das possibilidades de contato físico oferecidas pelas lutas.

    Além disso, ele também se refere ao conhecimento das próprias possibilidades em relação ao adversário e à aceitação das regras como forma de controle de suas ações e emoções afloradas durante os combates. Em termo cognitivo, afirma que o raciocínio rápido exigido pelas diversas situações nas lutas é o ponto principal, uma vez que é necessário que a criança pense e aja de forma rápida para adaptar suas ações em função das ações de seu oponente. Ele afirma também que a compreensão dos caminhos que levaram a criança à vitória ou à derrota faz com que ela seja capaz de organizar as futuras ações, construindo uma sensação de confiança.

    Partindo do princípio de que o professor de Educação Física é responsável por ensinar a cultura corporal do movimento na escola, Santos (2009) aponta como essencial a compreensão das lutas por parte desses profissionais. O autor ressalta que “a Educação Física escolar ao tematizar as lutas, precisa necessariamente lidar com esse conhecimento de maneira particular e diferente do que ocorre nos espaços específicos dessa prática” (p.3).

    Nesse sentido, Carreiro (2005) destaca que ao longo da história as lutas têm sido desenvolvidas isoladas do contexto escolar, como formas de defesa pessoal ou esporte-rendimento, na maioria das vezes isoladas das aulas de Educação Física. Para o autor, “é necessário ressignificar as lutas para que elas possam contribuir com objetivos do componente escolar” (p.249). Ele aponta ainda, como principais resistências encontradas na implantação das lutas nas aulas de Educação Física a falta de espaços, de material e de roupa adequada, a associação do conteúdo às questões de violência e a idéia equivocada de que é preciso ter conhecimentos de um faixa preta para ensinar uma determinada luta na escola.

    Além disso, destacamos como outro fator que pode impedir a presença das lutas nas aulas de Educação Física a dificuldade que nós, profissionais de Educação Física, temos em encontrar estudos e metodologias próprias de ensino dessas práticas corporais. A literatura existente nessa área é, em geral, limitada aos seus aspectos históricos e técnicos, o que dificulta inclusive o trabalho de profissionais especializados na área que procuram ressignificar seus conhecimentos e fundamentar suas práticas pedagógicas.

    Segundo Lopes & Vieira (2009) a ausência deste tipo de aporte teórico metodológico oportunizam representações limitadas sobre os conteúdos de lutas, ocasionando o distanciamento deste conteúdo do cotidiano das aulas de Educação Física escolar. Segundo este mesmo autor esta lacuna pôde ser superada em seu relato pela partilha de saberes e a construção coletiva das práticas pedagógicas.

    Como praticante de karate desde a infância e na qualidade de professora da modalidade em uma escola particular de Natal, pude observar que nas aulas de Educação Física escolar dificilmente há uma abordagem do conteúdo lutas. A falta de conhecimento e experiência da maior parte dos professores em relação a esta prática corporal geralmente é uma das justificativas dadas para justificar esse problema. Mas será que é mesmo necessário um conhecimento específico de lutas para fazer uso deste conteúdo nas aulas de Educação Física?

    Em função desse questionamento, resolvi fazer um trabalho em conjunto com o professor de Educação Física da escola em que trabalho, me propondo a ministrar algumas aulas de karate para uma de suas turmas.

Experiência de inserção: efetivação do conteúdo de lutas no fazer pedagógico da Educação Física escolar

    O relato em questão tem como Cenário uma escola localizada em um bairro nobre da zona sul de Natal/RN e que possui excelente infra-estrutura. A aula foi realizada em uma sala climatizada com tatame especial para práticas de lutas. Os 24 alunos envolvidos nesta pesquisa são de ambos os sexos, sendo 11 meninos e 13 meninas, todos do 3º ano do Ensino Fundamental I, com idade entre 8 e 9 anos. A maioria dos alunos reside nas proximidades da escola e fazem parte de uma clientela de classe média alta, salvas algumas exceções.

    A intervenção pedagógica tem o objetivo de oportunizar a vivência do conteúdo lutas em aulas de Educação Física escolar, bem como auxiliar o professor de Educação Física da escola a elaborar estratégias de ensino e utilizar tal conteúdo nas suas aulas, mesmo que não conheça ou tenha aprofundamento em relação ao tema.

    Esta ultima intenção ancorada na compreensão de Lopes e Vieira (2009) de que a partilha de saberes pode oportunizar a concretizações de práticas pedagógicas ainda distantes dos interesses ou realidades dos professores de Educação Física, como no caso do conteúdo de lutas.

    O objetivo das aulas aplicadas foi que os alunos fossem capazes de conhecer e vivenciar o karate através de jogos de combate, aplicando seus princípios na aula e na vida.

    Adotamos como abordagem metodológica a construtivista-interacionista, que, segundo Darido (2003), é aquela em que o aluno constrói seu conhecimento a partir da interação com o meio, resolvendo problemas. Para a autora, nessa abordagem o movimento é utilizado como meio para atingir domínios cognitivos, onde são respeitadas as experiências vividas pelos alunos e as diferenças individuais. Nela o jogo é considerado o principal modo de ensinar, um instrumento pedagógico, um meio de ensino. Para a elaboração das aulas, utilizamos algumas propostas de Cartaxo (2008), que apresenta a aplicação de jogos de combate baseados em atividades recreativas e psicomotoras como proposta educacional.

    A experiência foi realizada em três momentos, sendo o primeiro nos últimos 5 minutos de uma aula de Educação Física ministrada pelo professor responsável pela disciplina, o segundo e terceiro momento nas aulas seguintes a esta primeira.

    No primeiro momento, para identificar os conhecimentos prévios dos alunos em relação às lutas e mais especificamente ao karate, realizamos, ao final da aula, uma conversa com os alunos, fazendo alguns questionamentos sobre o que eles conheciam da modalidade. Kunz (1998) ressalta que é necessário que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados e tratados como ponto de partida, resultando assim em um processo significativo de aprendizagem. Dessa forma, fazer um diagnóstico dos conhecimentos dos alunos é importante para que possamos identificar de que modo podemos contribuir para sua formação e desenvolvimento.

    Nesse instante, percebemos que os alunos percebem o karate como uma prática violenta e perigosa; alguns afirmaram ter medo de se machucar praticando a modalidade, enquanto outros demonstraram bastante interesse em conhecê-la e vivenciá-la. Além disso, algumas meninas apontaram as lutas como práticas exclusivas de meninos. Partindo dessa tempestade de idéias, considerando que Hildebrandt e Laging (1986) defendem que o aluno, no desenvolver das aulas de Educação Física, deve ser tratado como objeto da aula, e não como sujeito, percebemos a importância de fazer uma breve reflexão com eles sobre os princípios do karate, que sempre prezam pela não-violência e o respeito ao próximo.

    Nesse sentido, no primeiro momento da aula seguinte fizemos uma roda inicial para expor esse conteúdo. Os alunos se mostraram bastante interessados, curiosos e confusos, pois a princípio não conseguiam entender como uma luta preza pela integridade física do seu oponente. Após alguns minutos de conversa, conseguimos avançar e todos compreenderam que deveriam acima de tudo respeitar seus colegas e conter seus impulsos de agressão.

    No segundo momento dessa aula, demos início às atividades práticas. Cada aluno recebeu uma fita de tecido que foi presa na parte posterior da sua cintura, de forma que ficasse visível para o restante da turma. Todos eram, ao mesmo tempo, pegadores e fugitivos e, ao sinal da professora, deveriam tentar pegar as faixas dos colegas, além de tomar cuidado para que ninguém pegasse a sua. O objetivo do aluno nesta atividade era pegar o maior número de faixas e não deixar que os colegas pegassem a sua. Dessa forma, iniciamos situações de combate sem partir diretamente para as lutas propriamente ditas, e exploramos alguns dos benefícios que, segundo Oliver (2000), o karate pode oferecer aos alunos, tais como o raciocínio rápido provocado pela necessidade de tomada de decisão em alguns momentos onde os alunos se viam encurralados por um ou mais colegas, e a capacidade de adaptação das suas ações em função das ações dos seus colegas.

    No terceiro momento, considerando a abordagem metodológica escolhida, demos início aos jogos pré-desportivos que, de forma gradativa, se aproximavam dos gestos específicos do karate. A turma foi dividida em duplas e permaneceram assim até o final da aula. Cada aluno recebeu dois prendedores de roupa, devendo ser fixados na parte anterior do troco. Ao sinal da professora, os alunos deveriam tentar retirar os prendedores do colega da dupla, sem deixar que os seus fossem tomados.

    Nessa atividade já podem ser identificadas algumas características comuns às diversas manifestações de lutas, como por exemplo noções de ataque simultâneas à preocupação com a defesa. Os alunos precisavam realizar um ataque, mas ao mesmo tempo deveriam ter o cuidado de se defender; esse raciocínio por parte das crianças não foi muito observado no momento inicial da atividade, mas à medida que os combates se repetiam, elas passaram a perceber o cuidado que deveriam ter para não se expor ao ataque do colega.

    Na atividade seguinte, os alunos deveriam se posicionar um diante do outro, com um pé na frente e outro atrás, devendo os pés da frente ficarem unidos durante toda a atividade. Um dos integrantes da dupla deveria tentar tocar o tronco e o rosto do colega enquanto este não deveria permitir o toque. Em seguida, deveriam realizar o mesmo gesto anterior, porém sem necessidade de fixar os pés, devendo ficar em movimento diante do colega da dupla. Pudemos observar durante o desenrolar dessa atividade que os alunos, de forma inconsciente, já realizavam movimentos muito semelhantes aos socos do karate. Em função disso, a partir dessa atividade, foi sugerida a realização do gesto dos socos, sem necessidade de padronização do movimento. A turma ficou livre para explorar as diversas formas que conhecia de socar.

    Pudemos trabalhar nessas atividades vários benefícios para o desenvolvimento global (motor, cognitivo, afetivo e social) dos alunos citados por Oliver (2000), tais como a noção espacial, percepção temporal, agilidade no raciocínio e adaptação das ações (atenção-percepção-tomada de decisão) e senso de responsabilidade quanto à integridade física do colega.

    Ao final dessa aula foi feita uma reflexão sobre as atividades realizadas, perguntamos aos alunos se eles se sentiram ameaçados ou agredidos em algum momento e se conseguiram identificar traços de violência nas atividades. Em geral, a turma não identificou violência ou agressões, percebendo que, até então, suas idéias iniciais estavam equivocadas. Por fim, solicitamos que a turma pesquisasse em casa um pouco sobre a história do karate, sugerindo que levassem para a aula seguinte as informações que encontrassem para compartilhar com os colegas.

    Na aula seguinte, começamos realizando um círculo onde os alunos expuseram as descobertas que fizeram sobre a história do karate. A maior parte demonstrou ter realizado a pesquisa de forma interessada, porém, houve um pouco de confusão entre a história do karate e a história do judô. Em função disso, fizemos uma breve contextualização histórica da modalidade, acrescentando algumas informações importantes que ainda não tinham sido apresentadas e enfatizando que o karate é uma prática criada com o objetivo de autodefesa, e jamais deve ser usada para agredir ou ameaçar alguém.

    No segundo momento desta aula, dividimos a turma em duplas. Um dos alunos da dupla deveria posicionar sua mão em diferentes alturas e o outro deveria tocar sua mão com os pés, da forma mais variada possível. Da mesma forma que em alguns momentos da aula anterior, observamos durante essa atividade a realização inconsciente de movimentos similares aos chutes socos do karate, mesmo sem definir que os alunos deveriam chutar. Nesse momento, realizamos uma demonstração de alguns tipos de chutes e permitimos que os alunos explorassem seus gestos, sempre tocando a mão do colega e mantendo o controle de sua força. Nessa atividade ficou bastante visível o cuidado dos alunos em controlar a intensidade dos seus gestos para não machucar os colegas.

    No momento seguinte, foi solicitado que os alunos iniciassem um combate utilizando os golpes realizados durante a aula, tendo sempre o cuidado de não ferir a integridade física do colega. Nessa atividade, observamos que as crianças apresentaram sempre um cuidado em realizar os golpes e, ao mesmo tempo, defender os ataques, além do cuidado para manter a integridade física dos colegas.

    No quarto momento, ainda em dupla, fixamos nas costas de cada aluno papel com um princípio do karate escrito. Cada um deveria tentar ler o que estava escrito nas costas do companheiro, que não deveria permitir. Ao final da aula, relembramos com os alunos os 5 princípios do karate (esforçar-se para a formação do caráter; fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão; criar o intuito de esforço; respeito acima de tudo; conter o espírito de agressão) e refletimos um pouco mais sobre a importância das lutas e os cuidados que eles devem ter em não fazer uso do que apreenderam para sobrepor sua força em relação aos colegas.

    Essa reflexão conceitual e atitudinal dos conteúdos é muito importante, visto que acreditamos que valores como respeito, caráter, razão, esforço e autocontrole devem ser estimulados nas aulas de Educação Física, como meios de formação de cidadãos com responsabilidade social e capazes de conviver em sociedade de forma ética e honesta. Dessa forma, atingimos um dos objetivos das lutas, de acordo com os PCN´s (BRASIL, 1997), que é combater atitudes de violência e de deslealdade no cotidiano dos alunos.

    Ao término da intervenção, conversei com o professor responsável pela turma e percebi nele uma maior segurança para dar continuidade no conteúdo. Ele afirmou ter percebido que não há necessidade de ter conhecimentos específicos da modalidade para trabalhá-la nas aulas de Educação Física, pois seu objetivo não é a formação de atletas, mas sim oportunizar que os alunos vivenciem o máximo de possibilidades de movimentos e conheçam as práticas corporais.

    Posicionamentos como estes reforçam a compreensão que os conhecimentos e as possibilidades de intervenção pedagógicas são construídos e não ofertadas com apriorismos teórico-metodológicos e que o enriquecimento do trabalho docente pode-se operacionalizar-se pelo viés da troca de saberes.

    as possibilidades do ensino da luta nas aulas de educação física foram sendo percebidas na medida em que as aulas de ensino das técnicas eram trabalhadas em conjunto com o professor. Assim, a construção do saber ensinar a luta aos alunos foi se consolidando aos poucos, indo até o momento em que pôde perceber que havia elementos suficientes para planejar e experimentar o ensino com a própria turma. (LOPES & VIEIRA, p. 109, 2009)

    Fazendo uma análise das aulas, foi possível perceber que os alunos vivenciaram de forma ativa e interessada as atividades e as discussões propostas. Além disso, após o diálogo realizado com o professor, notamos que a partir da experiência ele se sente capaz de fazer uso das lutas como conteúdo das suas aulas, compreendendo que não precisa ser um mestre de alguma luta para ensinar essa prática corporal nas escolas. Isso foi comprovado pelo fato de ele já ter realizado, após as aulas, modificações no seu planejamento com o intuito de inserir aulas que abordem outras lutas além do karate no seu cronograma ainda deste ano. Diante disso, podemos constatar que os objetivos desta proposta foram atingidos de forma satisfatória.

Lutas na Educação Física escolar: por que e como abordar?

    No sentido de justificar o ensino das lutas nas aulas de Educação Física escolar, observamos vários aspectos importantes. Um deles é o fato de as lutas serem uma representação corporal de diversos aspectos da cultura humana, não só como um esporte.

    De acordo com os PCN´s (BRASIL, 1997), juntamente às danças, esportes, jogos e ginásticas, as lutas compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado, além de ser muito importante no desenvolvimento das capacidades físicas dos alunos. Outra característica dessa prática corporal é o grau elevado de excitação somática que o próprio movimento produz no corpo.

    Os PCN´s (BRASIL, 1998) ressaltam ainda a importância da Educação Física em realizar pesquisas e cultivar as lutas na escola para que essa manifestação cultural não seja esquecida ou marginalizada pela sociedade. Além disso, pesquisar informações sobre essas práticas na comunidade e incorporá-las ao cotidiano escolar, criando espaços de exercício, registro, divulgação e desenvolvimento dessas manifestações, possibilita ampliar o espectro de conhecimentos sobre a cultura corporal de movimento (IDEM, p.39).

    Outra forte justificativa para ensinar as lutas nas aulas de Educação Física está nos valores éticos e morais presentes nas diversas manifestações dessas práticas corporais. Segundo os PCN´s (BRASIL, 1998), os alunos podem, através desse conteúdo, ser capazes de adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade, buscando encaminhar os conflitos de forma não-violenta, pelo diálogo. Dessa forma, as lutas podem auxiliar na formação de cidadãos justos, honestos e contribuir para o desenvolvimento do autocontrole das crianças.

    Mas, compreendendo a importância do ensino das lutas nas aulas de Educação Física na escola, ainda há outro aspecto de fundamental importância: compreender como ensinar essa prática corporal aos alunos, de modo a atingir os objetivos propostos.

    Nesse aspecto, compreendemos ser fundamental a presença do lúdico nas aulas, principalmente em se tratando das séries iniciais do ensino fundamental. Para tanto, propomos a utilização de jogos recreativos e jogos pré-desportivos no processo de ensino-aprendizagem, concordando com Freire (1997), que aponta os jogos como principais meios de ensino de habilidades motoras. Dessa forma, os alunos desenvolverão as habilidades básicas e específicas das lutas, partindo de movimentos básicos para os mais específicos, uma vez que os jogos devem se aproximar das lutas propriamente ditas de forma gradual. Além disso, as crianças sentirão prazer na prática, uma vez que a aprendizagem através dos jogos se torna muito mais atrativa e prazerosa.

    Igualmente importante é a possibilidade de recriação das ações motoras como fonte de aprendizado significativo aos alunos, por construções próprias dos gestos e suas significações, conforme foi relatado em diversas partes deste relato e que remetem a outras constatações (LOPES & VIEIRA, 2009) donde as intervenções pedagógicas seguem a lógica de apresentação do conteúdo, experimentação, aprendizado e reelaboração.

Nota

  1. 1.        O significado da modalidade aponta para a compreensão de caminho de mãos vazias, ou antes, luta que não faz uso de armas.
 

 

Referências

  • ·        AZEVEDO, E. S. de; SHIGUNOV, V. Reflexões sobre as abordagens pedagógicas em educação física. Revista de estudos do movimento humano. Vol.1, nº1, 2000.
  • ·        BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996.
  • ·        ________. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física (1ª a 4ª série). Brasília: MEC/SEF, 1997.
  • ·        ________. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física (5ª a 8ª série). Brasília: MEC/SEF, 1998.
  • ·        CARREIRO, E A. Lutas. In: Educação Física na Escola: implicações para a prática pedagógica. Orgs. DARIDO, S C e RANGEL, I C A. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
  • ·        CARTAXO, C. A. Jogos de combate: atividades recreativas e psicomotoras – teoria e prática – no âmbito das universidades, escolas e academias de lutas, visando uma proposta educacional. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2008.
  • ·        DARIDO, S. C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
  • ·        FALCÃO, D. F. Karate – o esporte. Disponível em: http://karaterj.hpg.ig.com.br. Acessado em: 20 Fev. 2007.
  • ·        FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1997.
  • ·        HILDEBRANDT, R. e LAGING, R. Concepções abertas de ensino da educação física. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1986.
  • ·        KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1998.
  • ·        LOPES, Y. S. & VIEIRA, A. O. A construção do Saber ensinar caratê nas aulas de educação física: enfrentamentos e possibilidades na prática pedagógica da EMEF “Centro de Jacareípe”, Serra-SE. In: Cadernos de formação RBCE, p.100 – 110. V. 1 n. 1. Set. 2009.
  • ·        NASCIMENTO, T. M. A iniciação do Judô em Natal, a realidade escolar. 2002. 50 f. Monografia de Graduação – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2002.
  • ·        OLIVER, J. C. Das brigas aos jogos com regras: enfrentando a disciplina na escola. Porto Alegre: Artmed, 2000.
  • ·        SANTOS, G. O. Sobre o paradoxo das lutas na educação física escolar. Disponível em: http://www.efescolar.pro.br/Arquivos/arq_2009_32.pdf. Acessado em: 05 Out. 2009.
  • ·        SOUZA JR. Marcílio. História da Educação Física escola no Brasil. In: NOBREGA, Terezinha Petrucia (Org.). O ensino de Educação Física de 5ª a 8ª séries. Natal: Paidéia, 2005.

 

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Megan Está Desaparecida

Sinopse:
Filme Megan Está Desaparecida – Um drama de ficção baseado em fatos reais, sobre duas meninas adolescentes que se deparam com um predador na internet.

Não acredito nos verdadeiros nomes e vídeos citados neste filme. Na minha opinião, ele é mais uma ficção que fora baseada em crimes que realmente acontecem.

As imagens são fortes e o vocabulário também é de baixo calão, mas o filme não deixa de mostrar o verdadeiro mundo podre ao qual pertencemos, a violência e a cultura vulgar de tantos adolescentes. Se acompanharmos documentários e até mesmo seriados baseados nestes crimes sexuais, entenderemos o quanto o filme foi fiel à realidade.

A princípio, o filme mostra como os adolescentes tem vivido suas vidas de forma tão errônea, como o errado passa a ser o correto em suas vidas. Como uma garota virgem é recriminada pelo fato de se preservar enquanto outras se submetem à atos tão inescrupulosos de todos os tipos de orgias sexuais, somente para serem aceitas em seus círculos de amizade.

No desenvolver dessa ficção, percebemos que por mais que essas adolescentes sejam tão “adultas”, ainda não perderam a inocência, são manipuladas, se iludem e deixam-se enganar tão facilmente. Inseridas em um mundo atrativo pela internet, elas dão informações tão claras sobre suas vidas, seu dia a dia, escola, casa, festas, família, facilitando ainda mais a ação de criminosos psicopatas que ficam à procura de vítimas tão fáceis assim.  A história de Megan e Amy, duas amigas inseparáveis, não tem um final feliz. Além de dar todas essas informações sobre suas vidas na internet, Megan adiciona em seu pager e marca um encontro com um verdadeiro assassino, acreditando ser um belo jovem apaixonado por ela.

Fiquei muito chocada com as cenas e a história do filme, mais ainda porque sei como tanto disso tem ocorrido e existe de verdade pessoas (se é que podemos chamá-los de pessoas) tão frias e cruéis como esses maníacos. Ainda não sou mãe, mas quero estar ao lado de minhas sobrinhas exibindo este filme e mostrando a elas um pouco da realidade. Acho que vale a pena divulgar e mostrar aos nossos adolescentes, filhos, sobrinhos e alunos, pois acredito que é melhor que eles presenciem um terror na TV do que em suas vidas.

Fica aqui então esta minha dica para um filme. Assistam!

Ana Flávia Lage

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Intervenção Pedagógica – Galeria de fotos

Esta galeria contém 52 fotos.

Muay Thai História e Filosofia  O Muay Thai, ou boxe tailandês, tem uma longa tradição na Tailândia e começou há muitos séculos. Esta forma nativa de arte marcial também é praticada nos países próximos – no Cambodja é conhecido como … Continuar lendo

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Intervenção Pedagógica – Plano de Aula

Colégio Paulo Freire – Centro Educacional Luluzinha

Avenida Portugal, 1759

Santa Amélia – Pampulha

 

 Segmento: Ensino Fundamental 1 e 2

 Professora: Adriana Meire

 Duração da aula: 50 minutos

 Acadêmicos:

     Ana Flávia Lage

    Fernanda Kelly

    Herick Patrick

     Marco Aurélio

     Renata Monteiro

     Rosana Fernandes

Eixo Temático: Lutas
Tema: Muay Tai
Tópico: Oficina de Muay  Tai

  • Linha Construtivista (Jean Piaget) e Crítico-Superadora (coletivo de autores), pois leva o aluno a refletir.

 Objetivos

  • Descrever e executar movimentos de Muay Tai
  • Conhecer os contextos de criação e prática.
  • Identificar os artefatos culturais (roupas e instrumentos).

 Conteúdos

  •  Vivências corporais envolvendo a gestualidade da prática.
  • As técnicas específicas.
  • A origem e o percurso histórico da manifestação.

 Recursos Didáticos

  •  Quadra de esporte, tatame, luvas de boxe, cordas, aparadores e batedores.

 Procedimento Didático

 1ª etapa

Peça aos alunos que relatem seus conhecimentos sobre o Muay Tai.

 2ª etapa

O grupo ministrará a aula falando sobre a origem da arte marcial e mostrando os equipamentos característicos da prática.

 3ª etapa

Os integrantes do grupo, utilizando dos equipamentos, demonstrarão as técnicas da luta.

 4ª etapa

Serão feitas dinâmicas de forma a proporcionar um aquecimento, preparatório para a prática:

  1. Organize duas filas e proponha uma corrida. Ganha a fila que se formar primeiro do outro lado.
  2. Pegador de Corrente.

 6ª etapa – Experimento do Material:

  1.  Os alunos formarão uma roda e os integrantes do grupo se posicionarão dentro e fora da roda, intercalados com os materiais em mãos. Será feita uma demonstração das variações utilizando corda e em seguida, metade dos alunos saem do tatame e para treinarem com a corda. Os alunos que permanecerem no tatame, farão abdominais com o objetivo de elevar o tronco para socar a mão dos professores.
  2. Agora os professores formarão 4 filas, onde cada um deles estará segurando um aparador de chute e outro de soco. Os alunos aplicarão os golpes conforme a fila correspondente, seguindo para a próxima fila. Será disponibilizado algumas luvas de boxe para os alunos praticarem com as mesmas, e após alguns golpes, deverão ser passadas à outros alunos. Os golpes serão aplicados de varias forma e jeitos, direcionados e corrigidos com o intuito da vivencia de técnicas e rotinas do Muay Tai.
  3. Para finalisar, os alunos se assentarão em roda e o grupo falará sobre as técnicas e a utilização das mesmas, dando ênfase na defesa, mas enfatizando que o Muay Tai é disciplina, saúde, e  utilizado como esporte e nunca para a violência. Citarão uma frase do filme do Homem Aranha, que diz: “Um grande poder traz com ele uma grande responsabilidade”.
  4. Dois integrantes do grupo fazem uma luta de demonstração e ao final, pedimos que os  alunos façam comentários sobe a aula vivenciada.

 Avaliação

 O grupo fará uma reflexão sobre todos os pontos da aula. 

 Síntese Reflexiva da Aula

 A aula onde ministramos a oficina de Muay Tai somou não só para os conhecimentos dos alunos, mas principalmente para nós. Foi uma aula muito dinâmica contando com 100% da participação dos alunos. Eles se apresentaram motivados e abertos para conhecerem esta modalidade até então nova para eles. O interesse da parte dos alunos foi tão grande que, muitos procuraram o acadêmico Marco Aurélio para se informarem sobre onde poderiam praticar o Muay Tai. A oficina mobilizou a escola inteira, onde professores de outras disciplinas liberaram seus alunos para estarem participando e os mesmos acompanharam a ministração da aula.

A professora Adriana Meire, disse que esta será mais uma prática em que ela vai incentivar seus alunos e também os pais dos alunos, os quais ela tem bastante contato e está sempre os orientando sobre a qualidade de vida com a prática de uma atividade física.

A oficina foi tão significativa para alunos e professores, que muitos se interessaram em procurar uma academia onde possam praticar o Muay Tai. Isso para nós acadêmicos foi de grande importância, já que nosso objetivo, além de disponibilizar para os alunos a oportunidade de vivenciar a prática do Muay Tai, era também mostrar a importância desta atividade para uma melhoria da saúde.

 Depoimentos

 A aula foi muito prazerosa os alunos se envolveram completamente, para eles foi uma oportunidade assim maravilhosa. Os professores, todos eles, dominaram o conteúdo e os alunos se interessaram nas atividades e essa vivencia pra eles, foi uma nova oportunidade.

E proporcionou também a eles a vivencia de uma cultura nova, a história de onde vem o Muay Tai. Eu acho que foi muito válido. 

Com certeza hoje os alunos vão chegar em casa e vão falar com os pais a importância do Muay Tai. A tarde eu vou estar fixando e reforçando novamente a importância de uma atividade, eu falei com elas (mães) dessa atividade. São poucos os que fazem na área da arte marcial, a maioria dos meninos fazem futebol.

 Professora Adriana Meire

Eu adorei a aula de hoje, foi super legal participar de uma atividade tão diferente. E também aprendemos a importância da amizade e do respeito à todos. Entendi também que o Muay Tai não é violência!

Carla Sandra de M., aluna do Fundamental II

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SERIADO PERNAS DE PAU

O seriado relata o meio que professor conduz sua aula, pedindo para os alunos formarem os times, provocando assim uma divergência entre os alunos mais aptos e os menos aptos. Os menos aptos nomeiam “perdedores”, se sentem afetados socialmente e acabam perdendo o interesse pelo esporte e por outras coisas da vida como um simples jogo de baralho.

Sendo assim, Kevin é um aluno apto que vê seu melhor amigo nesse dilema de ser o último a ser escolhido, e resolve então conversar com o professor pedindo para que o mesmo reveja seus planos de aula. Ao mesmo tempo em que o professor se sente contrariado pelo fato de um aluno o chamar a atenção, ele atende o pedido do aluno e chama ele para tirar o time.

Kevin se vê entre o justo e o injusto e resolve escolher entre os piores e os melhores, mas decide em formar um time só com os piores. Os times começam a jogar, e esse time fica bem atrás em relação de pontos. Decepcionado, o capitão decide parar o jogo e começa a discutir com o seu melhor amigo que é Paul, motivando-o a jogar. Paul, que está com muita raiva, pega a bola e tenta fazer cesta, mas acaba acertando a bola na cabeça do professor que abandona o jogo e deixa os alunos sozinhos na quadra jogando o basquetebol. Eles começam então a jogar por prazer e diversão, sem cobranças ou pressão da parte do professor.

Então o filme nos fala de um professor rude, que da a sua aula como ele quer e não como deveria ser. Ao chegar na escola os alunos sentiram satisfação ao saber que a aula seria de basquete, mas quando viram que a aula do professor não era  o que eles estavam esperando, sentiram se desanimados e excluídos. Por causa de uma aluno ele resolveu mudar, mas não fez muita diferença para o professor e sim para os aluno, pois eles começaram a jogar por prazer.

Esse filme que mosta como é nas escola, que o professor  deixa os seus alunos a tirar o par ou impa que é errado mostrando formas de excluir alunos, ele  deveria dar a sua aula criando mais motivação nos alunos, fazendo a aula ser diferente, separar os meninos por fila, por sorteio, por cores, por letras, dando aulas abertas e  sempre construindo aulas diferentes com seus alunos fazer com que os alunos tenham prazer nessa aula e nas outras. Enfim ser um professor diferente, alegre e gostar do que faz. Ser um professor gestor.

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DIRETRIZES PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Com base nas reflexões anteriores sobre Educação e Educação Física, nos eixos norteadores, tanto das diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Fundamental e Médio como das diretrizes curriculares propostas para a formação de professores da educação básica, iremos discutir alguns … Continuar lendo

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Carta às Autoridades Políticas

Aos orgãos competententes e autoridades , Viemos por meio desta, pedir melhorias às comunidades carentes, onde  adolescentes participam de projetos em ONGs, com a intenção de melhorar a vida desses jovens e promover o desenvolvimento e a igualdade para todos. Inicialmente, constatamos … Continuar lendo

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